quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como pedir um aumento de salário


Pedir um aumento de salário é uma questão delicada. Todo profissional gosta de se sentir valorizado e ver seu trabalho e dedicação recompensados. Mas convencer o chefe de que um aumento é justo pode não ser tão simples. Qual a hora certa de abordar o chefe sobre o assunto? Em que lugar? Como mostrar de forma efetiva que o seu trabalho está dando retorno para a empresa? Especialistas dão algumas dicas que podem ajudar, mas a principal delas é ter argumentos sólidos para justificar o reajuste, sempre baseados no seu próprio desempenho. Também é preciso atenção com a forma de comunicar o pedido ao superior e com o timing da solicitação.

Para Caroline Marcon, gerente da área de pesquisas corporativas da consultoria Hay Group, “antes de tudo é necessário pedir um feedback, para ver se você não está exagerando a sua importância dentro da empresa. Se você vai para uma negociação com argumentos e números, fica mais seguro. Será visto como alguém confiante, de atitude, útil para a empresa.”

O consultor e professor da Universidade Mackenzie, Marcos Morita, concorda com a importância de o colaborador mostrar que está agregando valor à companhia. “Há empresas que fazem avaliações formais e periódicas de desempenho. Caso isso não exista, a pessoa deve tentar mostrar alguma melhoria que tenha sido implementada, seja um novo processo de gestão ou qualquer outra coisa que tenha sido útil à companhia”, diz ele.

Morita ressalta, porém, que existem cargos cujos resultados não são exatamente claros e tangíveis. “Em posições mais operacionais, por exemplo, é mais difícil mostrar melhoras concretas. Nesses casos, o mais importante é trabalhar com uma atitude positiva. Tentar fazer aquilo que os outros fazem com algo a mais. Isso pode ajudar”, afirma.

Evite comparações internas

Além da importância de mostrar os resultados, é preciso atenção ao momento no qual o aumento é solicitado. “Em períodos de alta sazonalidade não dá. Por exemplo: um vendedor não pode chegar no meio do mês de dezembro e dizer para o gerente que quer ganhar mais”, diz Morita. “Além disso, precisa ser em ambiente formal. Pode até ser fora da empresa, como em um almoço, mas não no happy hour”, afirma.

Caso a pessoa não tenha contato direto com o superior, Caroline sugere que o funcionário faça o pedido usando as mesmas ferramentas que usa no dia a dia para conversar com ele, seja o telefone, skype ou e-mail. Ela lembra também que se deve evitar comparações com os colegas. “Essa história de falar que ‘fulano’ trabalha menos e ganha mais é uma péssima ideia. Não é bom falar do outro. Comparações internas são sempre perigosas. É necessário ir para a reunião com fatos e argumentos concretos.”

O consultor e professor da Universidade Mackenzie, Marcos Morita, lista ainda outros aspectos aos quais o funcionário deve estar atento antes de pedir aumento de salário:

- bolsa de salários: nem todas as empresas costumam pagar salários aproximados a cargos similares, ainda que tenham portes idênticos ou pertençam ao mesmo segmento. Pesquisas salariais e conversas com colegas do setor poderão ajudá-lo a comparar seu holerite com a concorrência;

- compensação total: avalie os benefícios oferecidos pela empresa além do salário fixo mensal. Coloque na ponta do lápis itens como: subsídios em cursos de línguas ou pós-graduação, bônus em dinheiro ou ações, previdência privada complementar, vale alimentação, reembolso médico e odontológico. Some e calcule sua remuneração anual. Você poderá se surpreender positivamente com o resultado.

- oportunidades de carreira: apesar da pressa da atual geração Y em galgar a pirâmide hierárquica através da troca de empregos, pare e avalie o histórico dos profissionais de sucesso da companhia. Onde estão e como chegaram lá? Com o achatamento das estruturas, promoções laterais para outras áreas, funções, mercados ou geografias podem ser movimentos interessantes.

- situação da companhia: analise o momento pelo qual a empresa está passando. Queda nas vendas, perda de contratos, corte de custos e demissões, costumam não combinar com pedidos de aumento salariais, mesmo que justificados.

- hora certa: em algumas companhias, há momentos dedicados para fazer sua solicitação, tais como avaliações de desempenho. Quando não houver, utilize seu feeling para escolher a hora certa. Avalie o humor de seu chefe, agendando um horário reservado para conversarem. Evite épocas de auditoria, finais de mês ou visitas estratégicas, quando os nervos costumam estar à flor da pele.

- privacidade: mantenha a discrição com relação a seus colegas de trabalho. Envolvê-los poderá gerar conversas paralelas.

- ética: em alguns casos, você poderá ter outra proposta em mãos, o que aumentará consideravelmente seu poder frente a seu superior. Esteja, porém, preparado para uma eventual resposta negativa. Neste caso, não haverá outra opção senão a porta de saída. Deixá-la aberta é obrigação e sinal de inteligência.

- opções: avalie alternativas além do salário, cujo aumento poderá não ser possível devido aos critérios já mencionados. Benefícios indiretos podem tornar sua compensação total atraente, assim como novas funções contarem pontos em sua experiência profissional, valorizando seu currículo.

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